Wednesday, March 15, 2006

A colisão da vida


Crash: moving at the speed of life we are bound to crash into each other

Conseguiremos nós suportar a ideia de que a mão que embala o berço é também a mão que bate? Ou será admissível a noção de uma humanidade que não funciona de modo dogmático mal-bem? Qual a relação que isto tem com "queremos ficar connosco próprios a vida inteira"?

O filme raia as fronteiras, nem sempre existentes de bem e mal. Toca no que de mais profundo existe nas relações humanas: a nossa relação connosco próprios. O racismo é o pretexto, o resultado é o conflito humano. Ao princípio tudo se justifica pela cor da pele, mas depois com o correr da história vamos vendo que não. É como se o enredo almejasse ser o objectivo da vida: aprender com as experiências. Isto, claro, para quem tem uma existência positiva.

Gostaria de pensar que todos nós somos capazes de aprender com a vida. Que não é porque cometemos uma vez um acto errado (como o "polícia bom") que passamos a ser maus. Que nos perdoamos e que perdoamos aos outros, e logo a seguir melhoramo-nos. Acho que este conceito extravasa a noção judaico-cristã de que somos pecadores. Sim, cometemos erros, não, não somos maus por isso. Porque evoluimos a cada erro... Se quisermos, claro. Mas eu acredito numa sociedade inteligente que age, reflecte, corrige e regenera.

Acredito também numa sociedade onde todas as meninas do mundo têm pais que dedicam o carinho e atenção que aquele pai dedica à sua filhinha... E que terão magical invisible cloaks -capinhas mágicas contra a maldade do mundo e contra se tornarem más também. Chorei a primeira cena da capinha inteira. E na segunda então... Quase não conseguia conter a emoção. Quanto sentimento! Não era possível abraçar-se mais um filho na vida...
Assustou-me a coincidência da mulher que liga ao marido a dizer que há anos acorda sempre zangada com tudo e com todos... Eu já fui assim. Eu não quis continuar a ser assim. E espero de vez em quando ajudar algumas pessoas a deixarem de ser assim, ajudando-as as girarem os caleidoscópios das suas vidas.

O mais curioso acerca do filme? Há tempos não tinha uma experiência emocional tão intensa numa sala de cinema. O mais chocante foi que nos primeiros instantes de filme apercebi-me que já o tinha visto. Há muito tempo. Mas não me lembro nem de quando, nem com quem, e com certeza não me marcou na altura como me marcou agora. Sim, admito, sou uma cinéfila inveterada ;)

Depois do filme tive a sorte enorme de encontrar um amigo de longa data, alguém que remete para raízes da juventude, e de cujo contacto tinha perdido algures nas encruzilhadas da vida.

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