Monday, February 20, 2006

stress do combatente

Munique.
17:05
Sim, é um filme acerca de (anti-)semitismo, sim um filme de história, sim uma produção Spielberg.
Ouvi uns comentários acerca do facto do próprio realizador ser descendente de judeus e isso ter alguma interferência nos acontecimentos versados. Uma característica importante é que o filme é "inspirado" em factos reais. Não, não é à toa. A arte surge da inspiração e não da tradução. Apesar de ser pessoalmente sensível às causas defendidas pelos israelitas, penso que o filme procura traduzir com a maior veracidade as ocorrências. A verdade por trás da verdade. A semelhança entre os lados, os objectivos, o espírito. A parte ideológica da causa do povo de Israel. Assim como o reverso da medalha.
E acima de tudo o que mais me impressionou na película foi a forma como os sintomas de stress do combatente apareceram: do indivíduo comum (mas crente na sua nação e respectivos valores) ao assassino brutal que não deixa, apesar de tudo, de amar a sua família e ser uma pessoa, que chora e que sofre. Não existe um preto e um branco absoluto, tudo se processa ao longo de um continuum, mas dói perceber como os sintomas de paranóia tomam posse do indivíduo e este se torna progressivamente assustado com tudo e todos. Os flashbacks, dele ou de outros, intensificam esta sensação. Os acontecimentos traumáticos não pararam, assaltam-no(s) a cada momento. Dos fracos não reza a história, mas de alguns heróis nunca ouvimos falar, e eles estão mais perto do que possamos pensar.

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